Com audiência fiel, podcasters se tornam os novos Youtubers

Podcasts unem a força da segmentação, carisma de creators e devem dobrar de tamanho

O podcast caiu no gosto dos brasileiros. Segundo pesquisa recente realizada pelo Ibope, 40% dos cerca de 120 milhões de internautas no País, já escutaram algum programa em áudio pela internet. Nos Estados Unidos, por exemplo, os podcasts atingem 67% da população (189 milhões de pessoas) e, de acordo com estudo do e-Marketer, deve crescer em 110% até 2020. O cenário mostra que haverá uma revolução na produção e consumo de conteúdos nesse mercado, como ocorreu com o YouTube, há cerca de 10 anos.

No Brasil, segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Podcasters (Abpod), existem mais de 3 mil podcasts produzidos por aqui. Muitos deles já se tornaram grandes influenciadores. Podcasts como Gugacast, Mamilos, Braincast e Nerdcast já movimentam milhões de reais em publicidade direcionada a uma audiência extremamente fiel, dedicada, atenta, engajada e que não perde um episódio.

O Gugacast, que tem cerca de 70 mil ouvintes por episódio, é um talk show apresentado por Guga Mafra. Devido ao sucesso de seu canal, Guga Mafra criou um sistema de assinaturas de conteúdo exclusivo, que já atingiu mais de 3 mil assinantes dispostos a pagar para ter acesso a episódios diários. A demanda é tão grande que ele resolveu investir na criação de uma plataforma apenas para disponibilizar o serviço para assinaturas, permitindo que outros creators se aproveitem também do modelo.

O Mamilos faz tanto sucesso que virou uma start-up de jornalismo. As apresentadoras também se tornaram referências e, hoje, atuam também como palestrantes em empresas e consultorias. O programa tem uma audiência permanente e comprometida nas mídias sociais. São mais de 45 mil fãs todos os dias tratando de assuntos polêmicos e procurando chegar a consensos para entender o outro lado nesses tempos de polarização.

Já o Jovem Nerd, empresa de conteúdo que produz o Nerdcast, é um fenômeno de mídia há mais de uma década. O Nerdcast é líder de todos os rankings brasileiros de podcasts e acabou se tornando exemplo para outros podcasters, que costumam copiar formatos do programa.

Não é à toa que empresas dos mais diversos segmentos, como Coca-Cola, IBM e Google apostam frequentemente em podcasts. O movimento é ainda mais intenso nas indústrias de entretenimento como Netflix, HBO, Paramount, Ubisoft e Microsoft Games, entre outros, que enxergam no formato uma porta para adquirir fãs fiéis que vão querer ver e rever filmes no cinema, maratonar séries e jogar jogos até o fim.

Empresas de comunicação também investem no formato. Disney, The New York Times, Folha de S.Paulo, CBN e Rede Globo já criaram seus próprios podcasts. O Spotify também investe pesado no setor e adquiriu duas empresas do mercado: a Gimlet Media e a Anchor, sendo a primeira com foco em conteúdo, e a outra com dedicação ao desenvolvimento de tecnologia e publicação. E não para por aí, a empresa afirma ainda que pretende investir US$ 500 milhões, em 2019, para se tornar a maior plataforma de podcasts do mundo. Esse manifesto mostra que a Spotify enxerga nos podcasts o caminho para ter mais usuários e produções próprias, como fez a Netflix no vídeo.

No entanto, embora os podcasts existam há algum tempo, esse movimento é só o início de mais uma revolução nos hábitos de consumo de conteúdo. Assim como era no YouTube no começo, o meio já tem suas próprias celebridades, mercados e um público enorme e bastante fiel. É questão de tempo para que alguns desses fenômenos atinjam o mainstream, como aconteceu com o Porta dos Fundos, e outros youtubers que ultrapassaram os limites da plataforma.

Guga Mafra, do Gugacast enxerga muito bem esse movimento. Ele ajudou a fomentar tanto o mercado de youtubers quanto o de podcasts no comando da empresa de publicidade boo-box/ftpi e agora vivencia o outro lado como criador de conteúdo. “É muito louco, porque você chega num evento e tem uma fila de fãs que te conhece, sabem tudo da sua vida, querem tirar foto, pegar autógrafo etc. Na sequência vou para um restaurante e ninguém sabe quem eu sou. É muito legal, na verdade, porque dá pra saber que quem te conhece, realmente acompanha o seu trabalho. Não é só porque te viu uma vez numa tela. A mesma coisa acontece com as empresas. Quem patrocina a gente e outros podcasts costuma ter uma relação de longo prazo”, conclui.

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