Monitoramento das redes sociais mostra meio ambiente fora dos temas prioritários para presidenciáveis

Mesmo com o Dia Mundial do Meio Ambiente gerando milhões de comentários nas redes sociais, pré-candidatos não discutem o tema em seus perfis oficiais

 

Neste último domingo (5), o mundo celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente. Porém, os pré-candidatos à Presidência do Brasil, ao que parece, não dão muita atenção ao assunto. Isso foi percebido no levantamento denominado “Observatório das Eleições 2022 – Especial Meio Ambiente”, conduzido pela vert.se Inteligência Digital – empresa de business intelligence com foco em dados de redes sociais – com base nos perfis oficiais de cada um dos presidenciáveis nas mídias sociais.

Entre 1º de junho de 2021 e 1º de junho de 2022, os quatro principais candidatos geraram somente 35 posts no Instagram e Twitter. O mais ativo foi Lula, com 12 menções ao tema no Twitter e três no Instagram. Em seguida, veio Ciro Gomes, com sete e duas postagens, respectivamente. Jair Bolsonaro, por sua vez, mencionou o tema três vezes no Twitter e quatro no Instagram. Já Simone Tebet postou quatro textos no Instagram.

“Comedimento é o termo que nos vem à mente quando pensamos no que os presidenciáveis dizem sobre meio ambiente nas redes. Eles não se aprofundam no tema e, muito menos, usam suas redes para ‘conversar’ com o eleitor sobre esse importante assunto de âmbito mundial”, analisa Carol Zaine, CEO da vert.se.

Segundo ela, os posts tendem a ser mais genéricos e panfletários ao invés de abrirem debate mais forte e aprofundado. Lula, por exemplo, compartilhou encontros com personalidades, como Caetano Veloso, onde a questão do meio ambiente foi discutida, mas não detalhou os temas abordados. No Twitter, o ex-presidente fala sobre a importância do desenvolvimento sustentável, mas mantém discurso genérico. Na maioria das publicações, Bolsonaro utiliza os termos como slogan e, em algumas vezes, não apresenta a relação entre a informação trazida e a preservação do meio ambiente. Além disso, usa as redes para divulgar ações do governo.

No que tange o posicionamento em episódios relacionados à preservação do meio ambiente, o levantamento abrange o período entre 2019 e 2022. Os candidatos se manifestaram, de alguma forma, sobre notícias relacionadas a grandes tragédias ambientais. Também, de forma superficial, deram opinião sobre a questão indígena e a exploração de suas terras.

Propostas para o meio ambiente – Outro ponto analisado pelo levantamento da vert.se foi o que os candidatos colocam em seus planos de governo sobre o meio ambiente. Bolsonaro ainda não apresentou formalmente suas propostas, mas, em seu discurso na Cúpula do Clima, afirmou que seu governo tem como compromissos reduzir emissões de gás carbônico do Brasil em 43% e eliminar o desmatamento ilegal até 2030, além de atingir a neutralidade climática até 2050 (fonte: BBC).

Lula, por sua vez, coloca como pontos primordiais “revogar medidas de devastação ambiental do governo Bolsonaro”; “acabar com o desmatamento ilegal, com especial atenção à Amazônia”; “preservar e regenerar a sociobiodiversidade”; entre outros temas gerais.

As principais propostas de Ciro Gomes são, entre outras, “reverter política atual para Ibama, INPE e Embrapa, aumentando efetivo e fiscalização”; “incumbir Exército de atuar contra o desmatamento”; “integrar geradores de energia renovável ao sistema de distribuição energética”; e “oferecer alternativas econômicas para a população amazônica, com incentivo ao beneficiamento do setor”. Já Simone Tebet ainda não apresentou formalmente suas propostas, mas defende combater grilagem e outros crimes ambientais e extrativistas. Também aposta na racionalização do licenciamento de diversas culturas com valor econômico, bem como na conciliação do desenvolvimento sustentável do agronegócio com proteção ao meio ambiente.

No período de análise, os termos relacionados ao tema meio ambiente em menções aos presidenciáveis nas redes sociais tiveram como principais palavras-chave: meio ambiente, sustentável, sustentabilidade, clima, climática, climáticas, climático, climáticos, biodiversidade, aquecimento global e efeito estufa.

Metodologia – O período de coleta para a realização do levantamento Observatório das Eleições 2022 – Especial Meio Ambiente foi de 1º de fevereiro de 2022 a 1º de junho de 2022 para análise das redes sociais proprietárias (Instagram e Twitter) dos presidenciáveis. Também foi observado o posicionamento dos candidatos em desastres ambientais, entre 2019 a 2022; seus planos de governo (2018 e 2022); e temas relacionados (1º de junho de 2021 a 1ª de junho de 2022. No total, foram 352 mil menções nas redes sociais proprietárias analisadas (Instagram e Twitter).

Também foram analisados, de forma mais aberta, Facebook e YouTube, além de blogs e sites de notícias. As menções são públicas e liberadas via API (Application Programming Interface, ou Interface de Programação de Aplicação, em português) de cada um dos sites. Para coleta e análise foi utilizado o War Room, dentro da ferramenta de monitoramento Stilingue e o painel vert.se de presidenciáveis na ferramenta Zeeng.

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